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Sonhar, dormir e psicanalisar: viagens ao informe [ Livro SDP ] – 2008
(Ed. Escuta, edição disponível)
Este livro aborda alguns avanços na compreensão psicanalítica do sonhar e do dormir, em conexão com aquilo que se passa no tratamento psicanalítico. Os temas são discutidos a partir de relatos de situações clínicas, de exemplos de ficção literária e poesia e de sonhos do próprio autor, revisitando o repertório conceitual da psicanálise freudiana e pós-freudiana. Em primeiro lugar, destaca-se a dimensão estética do sonhar. Ao adentrar no sono-sonho, o sujeito mergulha em uma viagem ao informe: por um processo regressivo, as “formas” habituais se diluem, e podem então se reconfigurar segundo uma disposição renovada. O viajante tem, assim, a oportunidade de um reabastecimento de sua potencialidade criativa, e o “espaço do sonho” se torna um espaço potencial e “transicional” onde se exercita a mágica ilusionista do humano. O sonhar é, portanto, afim ao criar. Em segundo lugar sublinha-se, no sonhar, a referência ao outro humano. No sono-sonho, o outro se faz presente como “resto diurno”, como ambiente humano de sustentação ou mesmo como destinatário do sonho: é pela presença de “objetos de sonho” que um sono se torna pleno. O livro ressalta, ainda, a dimensão de projeto futuro do sonhar: ao conceber um sonho, o sujeito cria um projeto, uma espécie de visão antecipatória do futuro construída com os fios do próprio desejo. Afinal, um sonho só “vinga” se estiver preservada a capacidade humana de “esperar com esperança”. Ora, o tratamento psicanalítico convida o sujeito justamente para uma viagem ao informe, na qual almejamos um reencontro com a fonte da potencialidade criativa por vezes perdida. Em alguns casos nos deparamos, porém, com um “colapso do sonhar”: neles predomina uma espécie de deserto psíquico, e então se faz necessário instaurar um espaço para sonhar durante o processo da análise. Trata-se, verdadeiramente, de construir um “sono pleno” e, para isto, é imprescindível contarmos com o “suposto sonhar” do próprio psicanalista.
Obs.: livro originado a partir de Tese de Doutorado.
SUMÁRIO
- ABERTURA
- I. TECIMENTO DO SONHO E TRANSICIONALIDADE
| também publicado como Capítulo em livro
- A história mítica de Penélope e o tecimento da mortalha
- Um trabalho do feminino?
- A história clínica de Penélope e o tecimento do sonho
- II. SONHAR E DORMIR
| Acessar – também publicado como
Capítulo em livro
| também publicado como Artigo em revista
- A via régia ao inconsciente e a clínica do recalcamento
- Dormir: necessidade do Eu, retraimento ou regressão?
- A queda no sono
- Despertar pelo sonho
- III. OS RITUAIS DE ADORMECIMENTO: OBSESSIVIDADE, ANGÚSTIAS DEPRESSIVAS E PERTUBAÇÃO DO SONO
- A doença do tabu, o delírio de tocar e a clínica do ódio
- Adormecimento e assassinato do objeto
- Depressividade: perturbação do sono e trabalho de luto
- A depressividade como conquista
- IV. PASSAGENS E QUEDAS
- Um rito de passagem
- Rumo à solidão essencial
- Quedas: uma regressão em dois tempos
- V. UM ESPAÇO PARA SONHAR
| Acessar separata – também publicado como Artigo em revista
- Passagens: preparação para mudança
- A casa do sonho
- VI. SONHAR E VIAJAR: NA VERTICAL DO ESTRANGEIRO
| Acessar – também publicado como Artigo em revista
- A viagem do filósofo
- O sonho como viagem
- O sonho do filósofo e o sonho do psicanalista
- Um sonho de clandestinidade
- A angústia do sonhar e o sítio do estrangeiro
- VII. SONHAR E CRIAR: VIAGENS AO INFORME
| versão parcial publicada como Capítulo em livro
- Sonho, projeto e utopia
- Viagens ao informe
- Andarilhos e sonhadores: brincadeira de esconde-esconde
- VIII. A INAÇÃO DO SONO
- A imobilidade do dorminte
- Inação do sono: uma regra com exceções
- IX. SONO BRANCO, SONO PLENO
| Separata
- Um sono sem sonhos
- Depressão: negatividade branca e capacidade de sustentação
- A presença de objetos e a tarefa terapêutica
- X. A GESTUALIDADE DO SONHAR: MOVIMENTOS
- Psicanálise do gesto | também publicado como Capítulo em livro
- O sonho como movimento
- Rede de dormir: de cá p’ra lá, sem sair do lugar
- Sonho: movimento no útero do sono
- XI. SONHAR: UMA ARTE VISUAL
| Acessar – também publicado como Artigo em revista
- Sonho e cinema
- A magia nas artes visuais
- Um olhar em movimento
- Um “sonho fílmico”: fascinação ou criação?
- Espaços oníricos compartilhados
- XII. SOBRESSALTO E SONAMBULISMO
- O sobressalto do despertar: uma figura da passagem
- O caso S.: sonambulismo e adicção | também publicado como Artigo em revista
- Sonambulismo: uma falha da função onírica
- O “sonho de terror” e a falha na transicionalidade
- XIII. “SONHOS DIRIGÍVEIS” E A “VIAGEM DA DROGA”: UM PARQUE DE DIVERSÕES?
- Os “sonho dirigíveis”
- Sujeito ou objeto do sonho?
- A “viagem da droga”
- Um sonho-resposta: o sobressalto da viagem ao informe
- A terra dos sonhos é um parque de diversões?
- XIV. A POÉTICA DO SONHO E O OLHAR DO OUTRO: UM “SUPOSTO SONHAR”
- Um sonho de menina, um conto de fadas
- Beleza do gesto, beleza do sonho
- A poética do sonho no espaço da análise: auto-retrato
- Abrir-se para o sonho do outro
- O psicanalista e o “suposto sonhar”
- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO