Este livro foi elaborado a partir de Simpósio ocorrido em agosto de 2018 no Instituto Sedes Sapientiae, onde reuniram-se diversos psicanalistas para discutir o tema das relações de objeto. As “relações de objeto” se referem, na psicanálise, ao modo como se dão as relações do sujeito com os outros humanos; desde Freud, essa noção tem servido como um instrumento teórico para pensar e para fundamentar o trabalho clínico, mas ela acabou também por designar uma corrente de pensamento específica na história da psicanálise. A proposta do referido evento, desde o princípio analítica, sugeria que os autores abordassem os dois termos em questão – as relações e os objetos – de modo relativamente independente, e que também os correlacionassem às problemáticas do Eu e do Self. Na primeira parte do livro, os textos de Daniel Kupermann, Nelson Ernesto Coelho Junior, Elisa Maria Ulhôa Cintra, Decio Gurfinkel, Luís Cláudio Figueiredo e Christian Dunker se dedicam não só a mostrar o lugar e a importância da noção de relações de objeto no pensamento psicanalítico, mas também a analisar criticamente seu desenvolvimento, conservando sempre como pano de fundo a história da psicanálise. O tema é abordado em termos de sua relação com os trabalhos de Ferenczi, da psicanálise relacional norte-americana, de M. Klein, de Fairbairn, de Bion e de Lacan. Na segunda parte, as contribuições de Renato Mezan, Ana Maria Sigal, Flávio Carvalho Ferraz, Daniel Delouya, Nelson da Silva Junior e Leopoldo Fulgencio discutem os desdobramentos das noções de “relação(ões)” e de “objeto” nas últimas décadas, propondo reavaliações em termos da sua atualidade e pertinência; alguns destes trabalhos sugerem uma certa inadequação de conceitos e concepções clássicas para dar conta de determinados aspectos das relações inter-humanas, assim como para abordar problemáticas relativas ao contexto social e político contemporâneo.