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Relações de objeto [ Livro RO ] – 2017
(Ed. Blucher, edição disponível)
O pensamento das relações de objeto é, sem dúvida, uma das correntes mais marcantes da história da psicanálise. Este livro se propõe a destacar as “sementes” deste pensamento que podemos localizar nas obras de Freud, Abraham e Ferenczi – sua “fundação” -, e em seguida dedica-se a apresentar, de modo detalhado, as três principais obras que constituíram o seu “edifício” principal: os trabalhos de Balint, Fairbairn e Winnicott. O objetivo é oferecer ao leitor um vasto panorama sobre o assunto e proporcionar uma compreensão crítica da presença marcante deste pensamento na psicanálise de hoje, na qual – pode-se dizer – ele já faz parte da “água que bebemos”. O trabalho dialoga com uma suposta dualidade de modelos das teorizações psicanalíticas – o pulsional e o relacional – proposta por Greenberg & Mitchell, que é atualizada e reavaliada criticamente, e dedica-se então a algumas discussões controvertidas, tais como o estatuto do conceito de pulsão e a alternativa busca de prazer / busca de objeto. Daí emergem as indagações: as pulsões foram “superadas” ou deixadas de lado pelos pensadores das relações de objeto? Ou será que elas foram, na verdade, redescritas e re-situadas em um novo contexto? Como se relacionam as linhas de desenvolvimento da libido e do Eu, e como situar o self neste novo contexto? Como o pensamento das relações de objeto tem se posicionado em relação à série etiológica de Freud e ao problema do inatismo versus ambientalismo? E como evoluiu o debate em relação à máxima da “busca de objeto” proposta por Fairbairn como alternativa ao princípio do prazer freudiano?
Obs.: livro originado a partir de Pesquisa de Pós-Doutorado.
SUMÁRIO
Prefácio por Renato Mezan
| Separata
Introdução
1. Da pulsão à relação de objeto
O pulsional e o relacional: dois “modelos” fundamentais
Várias psicanálises em uma?
Por uma epistemologia regional da psicanálise
Psicanálise freudiana, psicanálise depois de Freud
Afinal, quantos paradigmas?
E quais novos paradigmas?
O “efeito Winnicott”: virtudes e desvios
As relações de objeto e as matrizes clínicas… em Freud!
A “era das escolas” e a complexidade da psicanálise contemporânea
A dialética continuidade / transformação e o progresso da psicanálise
PARTE I: FUNDAÇÕES
2. Abraham: da ordem pré-genital à psicanálise do caráter
Uma ordem pré-genital
Nasce uma “psicanálise do caráter”
Caráter e teoria da libido: Abraham faz história
O estudo do caráter na era pós-freudiana
A psicanálise do caráter e as relações de objeto
Abraham: precursor das relações de objeto?
3. Ferenczi: a criança e o cuidado
O cuidado da criança: saúde e doença
A técnica em questão: frustração ou relaxamento? | publicado em Livro ST | publicado como Artigo em revista
A ética do infantil: uma revisão
O traumático na constituição psíquica e na situação analítica
A sexualidade infantil e a teoria pulsional em Ferenczi
A regressão em análise e as controvérsias sobre a técnica
A introjeção e a formação do eu
Thalassa e a metapsicologia do princípio regressivo
Ferenczi, pioneiro das relações de objeto?
PARTE II: O EDIFÍCIO
4. Balint: regressão e falha básica
A regressão: recapitulação e reenunciação
A falha básica: um conceito-chave
Balint e Ferenczi: uma herança direta
Winnicott e Ferenczi: heranças e paradoxos
O legado de Balint
5. Fairbairn e a busca de objeto
Uma trajetória excêntrica
Busca de prazer, busca de objeto | publicado como Capítulo em livro
Reconstruindo a metapsicologia freudiana: teoria do desenvolvimento e psicopatologia
A “estrutura endopsíquica”: uma nova tópica
Fairbairn, Klein e Winnicott
Difusão em fogo lento
Isolamento e confrontação
O legado de Fairbairn
6. Winnicott e a transicionalidade
Da pediatria à psicanálise
A invenção da transicionalidade
Wulff: um contraponto inesperado
Transicionalidade e relações de objeto
“Clínica da dissociação”
Dissociação e psicose
Uma nova matriz clínica?
Psicopatologia e contexto relacional
Bate-se numa criança, agora com Winnicott!
O conceito de saúde | publicado como Capítulo em livro
O viver e a criatividade
Saúde e cuidado: família, escola e sociedade
Winnicott: entre o si-mesmo e o encontro com o outro
O neto de Freud
PARTE III: DEBATES
7. As pulsões revisitadas
A libido, o Eu e o self
Winnicott e as pulsões: uma releitura
Excitação e trabalho de simbolização
O princípio regressivo, a pulsão de morte e a “solidão essencial”
Inato ou adquirido?
A etiologia da psicose: Bion e Winnicott
O “combate ao inatismo” e a pulsão de morte
8. Busca de objeto?
Balint critica Fairbairn: a busca de prazer subsiste!
Os “modelos mistos” e a psicanálise contemporânea
Winnicott critica Fairbairn: não desbancar Freud!
O debate prossegue
Um Fairbairn vivo e reciclado
Referências
INTRODUÇÃO